Chegou aquela altura do ano em que a maioria de nós se prepara para se retirar de uma quietude necessária - face a uma época de frio e de necessidade de maior horas de sono e introspeção - para um desassossego superficial.
Entre listas de compras e eventos sociais infindáveis, ocorrem as mais variadas expressões emocionais que vão desde a ansiedade extrema à tristeza profunda. Talvez não seja muito natalício falar sobre este lado menos simpático do Natal, mas face a um consumismo desenfreado e a uma época cheia de obrigações familiares e sociais, urge a necessidade de buscarmos em nós o que representa o Natal.
Sugiro uma viagem no tempo, bem lá atrás, onde não existia televisões, Black Friday’s, telemóveis… Aliás, proponho irmos mais longe ainda, um tempo onde nem sequer eletricidade existia. Como seria então?
Em vez da televisão, uma fogueira, onde toda a família estava reunida e contava histórias e em vez dos presentes de Natal…Estávamos verdadeiramente Presentes uns para os outros, sem máscaras, sem cobiças, entre partilhas genuínas, olhares e abraços prolongados. Um tempo de felicidade imaterial marcado pelo amor, autenticidade, humildade, altruísmo e serviço à comunidade que não estava circunscrito a uma época específica, mas a uma filosofia de vida.
Mas voltemos ao século XXI... Longe de querer atribuir à tecnologia e a certos objetos a causa da corrupção moral. Na verdade, não se trata do objeto ou da tecnologia em si, mas o valor e o uso que lhes damos enquanto mediadores no nosso encontro com o outro. A ideia é que possamos aproveitar de uma forma equilibrada e sábia tudo o que esta Era tem para nos oferecer.
Acredito, sinceramente, que é possível ir lá atrás, a esse tempo que está vivo em nós e escolhermos conscientemente reacender essa fogueira que nos relembra que somos seres de vínculos e feitos de liberdade.
Aceita o desafio?
Sofia Pérez
Terapeuta, Autora, Professora
Comentários